quinta-feira, 9 de abril de 2015

Centro de Triagem do Ibama recebe cerca de 4 mil animais por ano

30/03/2015 21h26

Órgão diz que maioria dos bichos são resgatados feridos em áreas urbanas.
Orientação é que população evite manejo e chame ajuda especializada.

Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera


O Centro de Triagem de Animais Silvestre (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Goiânia, recebe cerca de 4 mil animais por ano. Segundo o órgão, a maioria é resgatada ferida em áreas urbanas do estado e precisam de tratamento especializado.
De acordo com o coordenador do Cetas, Luís Alfredo Martins, com o avanço das cidades, é cada vez mais comum que os animais silvestres apareçam nas proximidades de casas e rodovias. O problema é que, segundo ele, muitas vezes o manejo errado pode gerar ferimentos nos bichos. “Muitas vezes as pessoas, ou por falta de consciência ou por desconhecer a forma correta de manejo, tentam ajudar o animal a voltar para a natureza, mas acabam o machucando”, explicou.
Segundo Martins, sempre que um animal silvestre for encontrado, o ideal é que sejam acionadas corporações como o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental ou o próprio Ibama, para que seja feita a remoção com segurança. “As pessoas devem manter os animais na fauna e não tentar manejá-los, pois isso pode piorar a situação”, destacou.
Quando o bicho chega ao Cetas, ele passa por uma avaliação para detectar o grau do machucado. Depois, o ideal é que ele receba o tratamento no menor tempo possível, para evitar que ele deixe de ser selvagem. “Fazemos o necessário para que eles voltem para seu habitat natural sem que fiquem domesticados”, contou o veterinário Luciano de Paula Souza.
Trabalhando há 13 anos no Ibama, o veterinário diz que quando um animal é recuperado e pode ser solto na natureza “é gratificante”. “É uma recompensa que a gente nem consegue expressar em palavras”, destacou.
Mas o coordenador do Cetas explica que, infelizmente, nem todos os animais tratados podem ser soltos. É o caso de uma onça, que chegou ainda bebê. “No caso dela acredito que não há como soltarmos mais, pois ela chegou aqui muito cedo, foi criada com mamadeira, e acabou gerando uma personalidade muito dócil. Sendo assim, se fosse solta, ela poderia buscar o contato com os seres humanos e isso não é interessante ”, destacou Martins.

Tratamentos

Atualmente, cerca de 150 araras estão em tratamento no Cetas da capital. O coordenador do Cetas explicou que elas estão em fase de recuperação para a soltura na natureza. “Após serem tratadas e medicadas, elas são colocadas em viveiros, chamados de ‘voadeiras’. Nestes locais elas são incentivadas a voar de um lado para outro para fortalecer a musculatura, o que vai favorecer que elas sejam novamente soltas na natureza”, contou Martins.

Ele destacou que, em alguns casos, os bichos são soltos no próprio estado de Goiás. No entanto, algumas vezes é necessário que eles sejam levados para outras regiões do país, para criadouros legalizados ou até devolvidos para os donos, caso haja identificação e a devida autorização.
Um dos recintos do Cetas na capital também abriga oito macacos-prego. A equipe explica que o objetivo de manter os animais bem próximos para que eles se relacionem como familiares. Se isso acontecer, eles estarão prontos para voltar para a natureza.
E esse trabalho atraiu a atenção de pesquisadores estrangeiros. É o caso da veterinária portuguesa Angela Nieves, que está no local para acompanhar a realidade do centro de perto. “Estou adorando, pois é uma experiência inestimável”, diz ela.
Unidades
O Ibama tem duas unidades do Cetas em Goiás, sendo uma em Goiânia e a outra em Catalão, no sul do estado. Segundo Martins, o ideal seria que todas as cidades possuíssem suas sedes. “Como a gente sabe que nem todas as cidades dispõem de estrutura, poderia haver uma parceria entre o Poder Público e um veterinário, para que ele fizesse o primeiro atendimento ao animal ferido e depois fizesse o encaminhamento”, destacou.

Em Rio Verde, no sudoeste do estado, o veterinário Alcione Nunes de Paula decidiu tomar a iniciativa de cuidar dos animais. Ele recolhe aqueles encontrados feridos e os coloca em uma chácara da família, para que possam receber o tratamento necessário. “Tem que ter alguém para salvar esses bichos e acredito que essa conduta faz parte da nossa função como veterinários”, afirmou.
Cetas orienta que população não deve tentar resgatar animais por conta própria (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Cetas diz que população não deve tentar resgatar bichos por conta própria 

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